14/08/13
10 dicas para renegociar suas dívidas
Se sua dívida não cabe mais no bolso, ainda resta uma boa notícia: há várias formas de negociar o pagamento e escapar da lista de inadimplentes. É possível reduzir prestações, obter juros menores e até pedir um desconto se a intenção for quitar à vista. Mas é preciso saber negociar e conhecer seus direitos e deveres.
Dados apontam que está mais fácil optar por este caminho. Em maio deste ano, o número de pessoas que conseguiram renegociar suas dívidas foi 4,5% maior que no mesmo período do ano passado, segundo a Associação Comercial de São Paulo (ACSP). A Serasa Experian, por sua vez, divulgou um número recorde de 8,9 milhões de brasileiros que conseguiram honrar seus pagamentos no primeiro quadrimestre de 2013.
A causa mais comum da inadimplência, segundo o economista da ACSP, Emílio Alfieri, é a perda do emprego no período em que o consumidor pagava um financiamento ou empréstimo. O segundo motivo mais comu, aponta o especialista, é o descontrole financeiro, como as compras feitas por impulso.
A seguir, um roteiro com dez caminhos possíveis para ajudar o devedor a encontrar uma saída ao aperto financeiro. A recomendação é ficar atento ao Código de Defesa do Consumidor (CDC), conjunto de leis que rege todas as relações de consumo e estabelece o que é permitido ao negociar o pagamento da dívida.
1 – Elabore uma proposta antes de negociar
Não adianta tentar fazer um acordo com o credor sem antes pensar em uma proposta realista de como pagar a dívida. O risco do despreparo é a empresa propor suas próprias condições, que podem não ser as mais favoráveis. Para colocar a ideia no papel, não há regra. “Em uma negociação, vale tentar de tudo. Mas o credor pode recusar o pedido”, observa a supervisora institucional da Proteste, Sonia Amaro. É preciso estar preparado, també, para uma contraproposta da instituição, e avaliar se ela é compatível com seu bolso.
2 – Procure o credor “frente a frente”
Contatar a empresa credora, como bancos ou financiadoras, é o primeiro passo para tentar uma negociação segura, acredita Sonia, da Proteste. “É melhor tentar ser atendido pessoalmente, em um setor especializado”, recomenda. Se o atendimento não for possível, o que é mais comum em grandes empresas, demonstre a intenção de pagar a dívida e tente marcar um horário no setor responsável. Se mesmo assim a comunicação for difícil, opte por outros meios, como e-mails.
3 – Mutirões oferecem descontos maiores
É comum que instituições financeiras se reúnam para fazer mutirões ou campanhas de renegociação de dívidas. Nesses casos, a oportunidade de descontos maiores é grande, já que as empresas convocam os devedores em massa para quitar as dívidas. “Os descontos podem chegar a 50%”, afirma Alfieri, da ACSP. Este tipo de proposta, que costuma partir de bancos ou administradoras de cartões, é sempre vantajoso para o credor, avalia a economista do Idec, Ione Amorim. “A empresa que negocia de forma coletiva ganha sobre o volume das dívidas quitadas”, observa.
4 – Quando pedir redução de juros
Um caso específico permite ao consumidor tentar negociar a redução dos juros de seu empréstimo ou financiamento. De uma hora para outra, bancos ou lojas podem baixar as taxas do crédito de maneira mais expressiva. “Neste caso, vale tentar um acordo para reduzir os juros, se o consumidor puder provar que foi seriamente prejudicado. De toda forma, o credor não é obrigado a aceitar a proposta”, diz a supervisora da Proteste.
5 – Se for quitar à vista, peça desconto
Se há uma reserva financeira para quitar o valor total do empréstimo, essa é a oportunidade ideal para negociar um desconto. Para o credor, é sempre interessante receber o dinheiro de imediato, por isso vale tentar uma redução da dívida ao quitá-la, na opinião de Sônia. Outra alternativa é demonstrar melhores condições de cumprir o pagamento se reduzir o valor das prestações ou aumentar a quantidade de parcelas.
6 – Empresas podem recusar novo crédito
Nenhuma empresa é obrigada a conceder crédito ao consumidor, se avaliar que há risco de não pagamento. Segundo a especialista da Proteste, a instituição sempre avalia se a pessoa já se enroscou com dívidas passadas ou se é suscetível a se tornar inadimplente. “Quando ela já deixou de pagar uma dívida com a própria empresa, mesmo que a tenha quitado depois, o credor tem o direito de negar novo crédito”, diz. Contudo, se o valor foi pago, Sonia não vê motivos para negar um novo contrato.
7 – Negociar pela internet é alternativa
Desde o fim do ano passado, serviços virtuais como o “Quitei.com” e o “Limpa Nome”, da Serasa Experian, oferecem a opção de chegar a um acordo com o credor pela internet. Eles não interfere, nestes casos, na negociação entre as duas partes. Mas a recomendação de Ione, do Idec, é pesquisar em órgãos de defesa do consumidor a idoneidade dos sites que oferecem estes serviços. Se a proposta não partir do devedor, é preciso avaliar se ela é satisfatória e cabe orçamento antes de aceitá-la.
8 – Fique atento às penalidades
Se o devedor for procurado com ameaças de que perderá bens ou terá descontos no salário pelo não pagamento da dívida, é preciso ficar alerta. “As únicas penalidades permitidas pelo CDC pela inadimplência de empréstimos são multa de 2% do valor da dívida e juros de até 1% ao mês pelo atraso no pagamento”, observa a supervisora da Proteste, Sonia. Ela lembra que algumas empresas tentam cobrar do consumidor taxas indevidas, como as supostas despesas que tiveram com a cobrança da dívida. “Qualquer cobrança adicional é proibida, fora as penalidades previstas pela lei”, adverte.
9 – Consulte órgãos de proteção ao consumidor
Qualquer dúvida que surja antes de fazer a proposta pode ser esclarecida em órgãos de defesa do consumidor, como os Procons de sua região. Vale também consultar todas as cláusulas do contrato assinado no empréstimo ou financiamento. Ainda assim, pode haver pontos abusivos, nem sempre permitidos por lei. Nestes casos, somente um especialista pode orientar o devedor como proceder.
10 – Evite novas dívidas após negociar
Feita a negociação da dívida, o primeiro cuidado é evitar perder o controle das finanças mais uma vez, como orienta o economista Alfieri. “É importante não deixar as dívidas ultrapassarem 35% da renda mensal, além de manter uma reserva em aplicações como a caderneta de poupança, equivalente a uma ou duas prestações, para usar em casos emergenciais, evitando uma nova inadimplência”, orienta.