Aposentadoria cada vez mais tardia: Prepare-se
Os trabalhadores precisam se preparar, profissional e socialmente, para aposentadorias cada vez mais tardias. Essa é a conclusão a que se chega ao analisar os dados divulgados ontem pelo IBGE. Por estarem vivendo mais (e recebendo aposentadorias por mais tempo), os brasileiros terão de trabalhar um pouco a mais a cada ano para manter o valor dos benefícios. Em média, a cada ano isso equivale a dois meses de trabalho. Além disso, os brasileiros, muito provavelmente, terão de se acostumar com uma mudança na concessão do benefício. Seguindo uma tendência global, as aposentadorias por tempo de contribuição devem acabar. Hoje, além do Brasil, pouquíssimos países ainda concedem esse benefício -nenhum deles europeu. As aposentadorias por idade tendem a ser o benefício do futuro. É provável que a nova forma de concedê-las seja a chamada Fórmula 95 -número correspondente à soma da idade da pessoa com o tempo de contribuição. Ela foi criada em 1992 pelo advogado Wladimir Novaes Martinez, especialista em legislação previdenciária. Hoje, diz ele, é provável que o número tenha de ser elevado para cem e, num futuro não muito distante, talvez 105.
Como a expectativa de vida varia entre as regiões no país -os moradores do Sul e do Sudeste vive, em média, cinco anos a mais do que os do Norte e do Nordeste-, seria preciso criar mecanismos que amenizassem as diferenças. Mas para isso será preciso ter vontade política para enfrentar a gritaria da sociedade diante de uma mudança dessa magnitude.