Finanças: Discutindo a relação
Especialistas mostram como organizar as finanças em uma relação a dois e a melhor forma para guardar dinheiro
Quando o assunto é divisão de dinheiro, os engenheiros eletricistas Luciana, 41, e Reginaldo Kuhn, 40, não têm dúvidas: ao casar, em 1997, eles juntaram as contas e até hoje não separam os gastos do dia a dia nem o patrimônio que têm. "A gente tem a cumplicidade de dividir tudo, então tudo o que a gente ganha é nosso", diz Luciana.
Quase todos os dias, passam até dez minutos compilando gastos, salário e retornos de investimentos em um programa de computador. Para o casal, que diz ter um perfil mais poupador, essa foi a melhor forma para gerenciar as finanças do dia a dia.
Segundo especialistas, dinheiro é uma questão tão importante no casamento que, se estiver mal resolvida, pode até levar à separação.
Para a psicóloga clínica Cleide Bartholi, autora do livro "Até Que o Dinheiro nos Separe", não existe regra para saber a melhor forma de gerenciar as finanças, mas ela recomenda manter sempre alguma individualidade. "Depende muito dessa ‘conjugalidade’, da capacidade de lidar com as diferenças", diz Bartholi. "Para compor essas dificuldades, talvez fosse ideal encontrar uma maneira equitativa de lidar com o dinheiro", afirma.
CONTA PROPORCIONAL
A recomendação de Marcos Silvestre, educador financeiro e autor de "12 meses para enriquecer", é que as contas sejam pagas pelos dois, mas de forma proporcional à renda de cada um. "O casal tem uma vida em conjunto e convém conduzir o dia a dia conjuntamente. Vejo que isso dá menos potencial para conflito." Uma opção é que os parceiros tenham uma conta conjunta para o pagamento das despesas comuns, que será abastecida de acordo com a renda de cada um. "Nas contas particulares, sobra uma quantia que mantém a individualidade de cada um", diz. Outra ideia é dividir proporcionalmente o pagamento das despesas e só ter contas separadas, como o designer Raphael Aleixo, 29, e a gerente de marketing Paula Neves, 28, que moram juntos há quase um ano. "O meio a meio pode ficar muito mais pesado para um do que para o outro", diz Aleixo.
Para Gustavo Cerbasi, colunista da Folha e autor de "Casais Inteligentes Enriquecem Juntos", só os casais com bastante conhecimento e controle se beneficiam em manter finanças separadas. Segundo Cerbasi, contas separadas de casais tendem a prejudicar um em relação ao outro, apesar de ambos terem contribuído com suporte psicológico e financeiro para a vida a dois. Cerbasi cita o caso das mulheres, que têm perspectivas mais estreitas de crescimento na carreira durante alguns anos por conta da maternidade, enquanto o marido tem mais condições de crescer e prosperar no trabalho.
Para Silvestre, saber qual dos dois tem mais perfil para gerenciar as finanças também ajuda a determinar a modalidade mais adequada.