Como falar de dinheiro com seus filhos
Alguns pais acreditam que as crianças não devem ter contato com dinheiro. Outros estimulam os filhos a pagar pequenas compras para terem a experiência de usar o dinheiro. E tem aqueles que ensinam as crianças a poupar, guardando moedas em um cofrinho.
Educação financeira é um tema relativamente novo para a maioria dos brasileiros. Por isso, é natural que muitos pais tenham dúvidas sobre quando e como falar de dinheiro com seus filhos. Não existe uma fórmula pronta. O que é certo para uma família pode não servir para outra. Algumas dicas podem ajudar:
Consenso entre os pais: é importante que pai e mãe conversem e decidam sobre como conduzir o assunto. Se tiverem dúvidas, leia, consultem a internet ou um especialista e cheguem a um consenso. Se os pais estiverem de acordo, terão mais segurança e tranquilidade para falar com seus filhos
A teoria na prática: o exemplo dos pais é decisivo. No dia a dia, seus filhos percebem como você se relaciona com o dinheiro. Se você for ao supermercado sem uma lista de compras e uma previsão de orçamento, dificilmente eles vão entender porquê não podem colocar no carrinho tudo o que desejam. Se você preparar uma lista de compras e estabelecer um valor para os gastos com supermercado, irá transmitir a seus filhos, naturalmente, noções de planejamento e orçamento. Aproveite essas oportunidades
A melhor idade: quanto mais cedo, melhor, afirma os especialistas. O ideal é no momento em que seus filhos mostrarem interesse em dinheiro ou fizerem perguntas relacionadas a dinheiro e poupança
Devo dar uma mesada para meus filhos?
Sob o aspecto da educação financeira, a mesada, quando bem aplicada, é um instrumento importante para ajudar a criança a compreender, na prática, conceitos de planejamento, orçamento e uso do dinheiro.
Crianças pequenas: antes que seus filhos consigam entender as 4 operações: somar, diminuir, dividir e multiplicar, a mesada não terá muita utilidade para a sua educação financeira.
5 ou 6 anos: considere que o espaço de 1 mês é uma eternidade. Por isso, os educadores financeiros recomendam aos pais que usem a semanada. Com o tempo, a semanada pode virar quinzenada. Um parâmetro usado para estabelecer valores de acordo com a idade é 1 real por ano de vida, por semana. Assim, uma criança de 5 anos receberia 5 reais por semana.
10 ou 11 anos: se a semanada já virou quinzenada, você já pode migrar para a mesada. Este é um bom momento para avaliar a experiência com seus filhos e fazer um acordo para definir quais pagamentos podem ser assumidos por eles dentro do valor da mesada que, talvez, precise ser reajustado. Comece com um pagamento e vá aumentando gradualmente. Esta é uma forma de começar a transferir para eles a responsabilidade sobre compromissos financeiros.
Para todas as idades, considere:
- O valor deve ser adequado às condições financeiras da família
- Se houver desemprego ou necessidade de economizar, é importante explicar a seus filhos e fazer os ajustes necessários
- Para que a mesada tenha efeito na educação financeira, não basta dinheiro. Os pais devem acompanhar as crianças, introduzindo, aos poucos, conceitos financeiros como economia, planejamento, investimentos etc
- Mostre a seus filhos como planejar em que o dinheiro será gasto. Prepare com eles, um controle para verificar se vão gastar de acordo com o planejado. Isso irá ajudá-los a assimilar conceitos de orçamento
- Ensine seus filhos a economizar para a compra de um pequeno brinquedo, por exemplo, para que eles sintam o que é ter um objetivo e como conquistá-lo
- Se o dinheiro acabar antes da hora, para que seus filhos compreendam as consequências da falta de planejamento, você precisa ser firme e fazê-los esperar até o próximo prazo combinado
- Quando a mesada é usada como forma de compensação por boas notas ou comportamento e a falta de mesada ocorre como castigo, ela não surte efeito para a educação financeira da criança
Como responder às crianças?
Quanto menor a criança, menor a necessidade de complexos fundamentos financeiros. O que ela deseja são respostas claras que a ajude a compreender o mundo. Veja algumas respostas que podem ajudar você com a curiosidade dela:
De onde vem o dinheiro?
Ele vem do trabalho. Papai e mamãe trabalham e todo mês recebem dinheiro pelo seu trabalho. Com esse dinheiro compram comida, roupas, brinquedos e tudo o que a nossa família precisa. Por isso, dividem o dinheiro para que ele dure até receberem um novo salário em troca do seu trabalho. Quando você crescer, também vai trabalhar, receber e gastar com o que achar importante. Se o seu filho ou filha recebe semanada, quinzenada ou mesada, explique que ele ou ela já está treinando para quando for maior.
E por que a gente precisa pagar pelas coisas que compra?
Porque alguém trabalhou para fazê-las e precisa receber para comprar mais material para fazer outras coisas e para comprar o que precisa para a sua família. Por exemplo, quando eu pago pelo pão na padaria, o dono da padaria junta o dinheiro para pagar as pessoas que trabalham na padaria e para comprar farinha, ovo, sal e tudo que ele precisa para fazer mais pão. Ele precisa também ter o dinheiro para pagar as contas da casa dele.
Pega dinheiro no caixa
Nosso dinheiro fica guardado no banco e quando eu pego no caixa, ele sai da conta que eu tenho no banco. Para pegar no caixa, precisa ter dinheiro no banco e cada vez que eu retiro, sobra menos para usar até receber novamente.
Põe no cartão de crédito
Tudo o que a gente gasta com o cartão de crédito, o papai e a mamãe pagam uma vez por mês. Se a gente gastar no cartão, mais do que temos no banco, não vamos conseguir pagar.
Então dá um cheque
O cheque avisa ao banco para tirar dinheiro da nossa conta e pagar o valor que está escrito no cheque para quem for receber. Se a gente der um cheque e não tiver esse dinheiro no banco, a pessoa não vai conseguir receber.