Nova ger é o aprende sobre educação financeira mais cedo nas escolas
João Guilherme Soares Mota tem poupado dinheiro há um ano para pagar por uma viagem a São Paulo e, quem sabe, comprar um carro. O que não seria nada de mais, se não fosse pelo fato de João ter apenas quatro anos de idade e o carro desejado ser de brinquedo. O menino faz parte de uma geração que tem acesso à educação financeira na escola, o que, de acordo com especialistas, ajuda a preparar jovens mais conscientes e empreendedores.
Um estudo do Banco Mundial, com base no Projeto Nacional de Educação Financeira no Ensino Médio, apontou que a inclusão da disciplina na grade curricular resultou na melhora do comportamento financeiro dos alunos. Segundo a pesquisa, 63% dos jovens que tiveram as aulas pouparam pelo menos uma parte de sua renda, contra 59% dos alunos que não tiveram a disciplina.
O Grupo Literatus CEL oferece a disciplina de Educação Financeira desde o ano passado para seus alunos da educação infantil. “A inclusão desta matéria foi muito bem recebida pelos pais. E as crianças levam o que aprendem para casa, começam a conversar com os pais sobre economizar, ter um cofrinho”, conta a coordenadora do Ensino Fundamental da instituição, Estephanie Souza Queiroz. De acordo com a educadora, entre os que estão iniciando a alfabetização, as aulas tem contribuído também para facilitar a compreensão sobre os números.
A professora Nilena Soares Mota percebeu o desenvolvimento na percepção econômica de seu filho, João Guilherme, 4, logo nos primeiros dias do curso. “Ele chegou em casa somando e começou a identificar as moedas. Aí passamos a dar as moedas do troco para ele e desde então, ele guarda tudo no cofre, diz que está juntando para visitar a madrinha em São Paulo”, conta.
Para o presidente do Conselho Regional de Economia do Amazonas (Corecon/AM), Marcus Evangelista, quanto antes for iniciado o contato, melhor. “A educação financeira tem que começar dentro do lar. Você ensina a criança a entender o valor do dinheiro e tem que fazer isso desde cedo, ensinar que ela vai ter que juntar para poder ter o que quiser. Pois é muito mais difícil mudar um adulto depois”, afirma.
De acordo com uma estimativa recente do Fundo Monetário Internacional (FMI), que considerou as 50 principais economias emergentes do mundo, o Brasil ficou na 30º posição entre os países que mais poupam dinheiro. Isso significa que, enquanto no Catar, país mais “econômico” entre os pesquisados, a poupança doméstica equivale a 56% do Produto Interno Bruto (PIB), no Brasil este segmento não representa mais que 20%.
Segundo dados do Banco Central do Brasil (BCB), em 2012, o estoque de dinheiro em poupança na Região Norte foi o equivalente a apenas 2,89% da carteira nacional. No Amazonas, o valor poupado responde por 0,65% deste montante, que foi de R$ 496 bilhões.
A pesquisa do Banco Mundial mostrou que a porcentagem de alunos do Ensino Médio com intenção de poupar e planejar melhor seus investimentos passou de 48%, antes das aulas de educação financeira, para 53% depois do curso.