Educação Financeira é, acima de tudo, educação
Tem sido cada vez mais comum observar as pessoas refletindo sobre dinheiro, ou, mais precisamente, sobre a falta dele. Dinheiro serve para permitir que a vida seja desfrutada com um mínimo de dignidade, trazer conforto e também para realizar sonhos. A pergunta que fica, no entanto, é: “como fazer tudo isso com o pouco que ganho?”. A resposta é bem simples: com Educação Financeira. Até aí, sem novidades! Afinal de contas, falar é fácil, o difícil é fazer. A Educação Financeira desenvolve conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais. Os conteúdos conceituais podem ser adquiridos com pesquisas em livros especializados, internet e cursos com aulas expositivas, apenas como alguns exemplos. Estes conteúdos podem garantir competência teórica, mas não prática. Muita gente acredita que, enriquecendo-se de informações, terá plenas condições de resolver os seus problemas de saúde financeira, mas esquecem de que o conteúdo conceitual é meramente racional e não vem acompanhado de análise, planejamento, tomada de decisão e controle.
Cursos práticos existem aos montes, especialmente os ligados à Bolsa de Valores, em que o aluno senta em frente a uma máquina e aprende a executar ordens. Isso não é aprendizage, é mera repetição, sem absoluta reflexão. O aluno, geralmente, aprende a fazer as coisas sem análise profunda, sem procedimentos metodológicos, sem planejamento e objetivos individualmente traçados. A Educação Financeira, quando bem trabalhada, permite que a pessoa desenvolva as competências procedimentais, permitindo que se faça uma boa análise das informações disponíveis e selecionando o material que corresponda a sua realidade. Tudo isso com a finalidade de elaborar um planejamento financeiro que atenda aos anseios individuais. É de se considerar também os aspectos culturais. Tem gente que não pode deixar de jogar uma partida de tênis no final de semana, tem quem não abra mão do futebol, academia, cinema, um bom restaurante, vinhos ou um passeio à livraria. A Educação Financeira auxilia o sujeito a se conhecer melhor e entender o seu próprio comportamento. Com isso, questões culturais podem ser moldadas, não modificadas.
O dinheiro serve para pagar as contas, mas também para o conforto. O equilíbrio entre essas duas coisas é o que permite ao indivíduo poupar e realizar sonhos. Ser financeiramente educado é planejar os objetivos, traçar metas pessoais, identificar ameaças e oportunidades, traçar planos alternativos, conhecer as opções disponíveis para investimento e financiamento, tomar decisões que não afetem a estabilidade emocional, arriscar com inteligência e, acima de tudo, desfrutar os resultados. Não se engane imaginando que jogar na Bolsa de Valores lhe permitirá tirar a sorte grande, ainda que isso seja minimamente possível. Não invista o seu dinheiro em produtos que seus amigos indica, eles podem ser excelentes para os objetivos deles, mas não para os seus. Não pergunte a um barbeiro se você precisa cortar o cabelo. Tenho lá as minhas dúvidas sobre as informações prestadas pelos profissionais vendedores de produtos financeiros. Eduque-se para dizer ao seu dinheiro para onde ele vai, ao invés de perguntar para onde ele foi.