Selic sobe para 9,50%; veja como ficam poupan a e renda fixa
Aplicações pós-fixadas de renda fixa ampliam sua vantagem em relação à poupança quando oferecem custos e remunerações atrativas
São Paulo – O Banco Central elevou, nesta quarta, a taxa básica de juros (Selic) de 9,00% para 9,50% ao ano, elevando ainda mais a remuneração das aplicações de renda fixa atreladas a ela, como os CDBs pós-fixados, fundos DI e Letras Financeiras do Tesouro, vendidas via Tesouro Direto.
A remuneração da caderneta de poupança, no entanto, permanece a mesma, uma vez que acima de uma Selic de 8,50% ao ano, a poupança paga 0,5% ao mês mais Taxa Referencial (TR) em qualquer cenário de juros. Assim, tanto os depósitos remanescentes na "poupança antiga" (anteriores a 4 de maio de 2012) quanto aqueles feitos na poupança que segue as novas regras de remuneração (a partir de 4 de maio de 2012) têm a mesma rentabilidade.
A alta na Selic correspondeu às expectativas do mercado para esta reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Para o fim do ano, os analistas ouvidos pelo Boletim Focus do Banco Central esperam uma taxa de 9,75% ao ano.
No momento, CDBs que paguem a partir de 85% do CDI já são mais rentáveis que a poupança em qualquer prazo. Abaixo desse percentual, o produto não apresenta vantagem nos prazos mais curtos, por causa do IR.
Já os fundos DI precisam cobrar no máximo 1,4% ao ano de taxa de administração para serem mais vantajosos que a poupança em qualquer prazo. Isso considerando um fundo que renda 100% do CDI.
Pelo mesmo raciocínio, para que as Letras Financeiras do Tesouro (LFTs) sejam mais vantajosas que a poupança em qualquer prazo, é preciso que a corretora não cobre mais que 1,0% ao ano de taxa de administração. Algumas chegam a “cobrar” taxa zero.
Mas para quem está disposto a deixar o dinheiro aplicado por mais de um ano, a corretora pode cobrar uma taxa de até 1,5% ao ano que o Tesouro Direto mantém sua vantagem sobre a poupança. Isso porque o Tesouro Direto já tem um custo fixo, a taxa de custódia de 0,3% ao ano, cobrada pela Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC). Atualmente, nenhuma corretora cobra mais que 2,0% ao ano de taxa de administração pelo Tesouro Direto.
Outros títulos do Tesouro Direto podem continuar apanhando
A perspectiva de alta de juros vem prejudicando a rentabilidade dos títulos do Tesouro Direto que se beneficiam da expectativa de queda na Selic. O aumento da pressão inflacionária, incrementada com a recente alta do dólar, se tornou uma ameaça para o ciclo de cortes nos juros iniciado em meados de 2011, e há cinco reuniões o Copom eleva a taxa Selic.
Como são esperadas novas altas para a taxa de juros, é possível que esses títulos apanhem ainda mais. Os analistas ouvidos pelo último Boletim Focus, do Banco Central, projetam uma Selic de 9,75% para o fim de 2013.
A maior parte dos títulos prefixados (LTNs e NTN-Fs) e dos títulos que tem parte da remuneração prefixada e a outra parte atrelada à inflação (NTN-Bs) acumulam quedas no ano. A NTN-B Principal com vencimento em 2035, por exemplo, teve queda de 25,05% em 2013. Já a NTN-F com vencimento em 2023 acumula uma queda de 5,79%. No ano passado, quando os juros ainda estavam em queda, a NTN-B Principal com vencimento em 2035 chegou a valorizar quase 50%.
Isso não significa necessariamente que quem comprou esses títulos pelo Tesouro Direto vai perder dinheiro. A perda só ocorre se o investidor vender o título antes do vencimento em um momento de baixa. Caso carregue o título até o vencimento, o investidor vai receber exatamente a rentabilidade acordada no momento da compra.