Quando vale a pena parcelar uma compra?
Parcelar uma compra equivale a se fazer um empréstimo, mas essa questão transcende o aspecto matemé tico, como poderé amos supor em um primeiro momento.
Quando parcelamos uma compra, o raciocé nio matemé tico (ou financeiro) poderia nos indicar que, caso a taxa de juros cobrada nesse empréstimo fosse menor do que aquele que conseguimos obter em um investimento financeiro, valeria a pena, dado que pagaré amos mais barato por pegar recursos emprestados do que será amos remunerados para emprestar a mesma quantidade de dinheiro.
Seguindo esse raciocé nio, no caso de parcelamento sem juros, sempre valeria a pena, dado que qualquer remuneração será maior do que zero.
No entanto, existem outros fatores a serem levados em conta.
O primeiro deles refere-se ainda é esse modelo de raciocé nio. Para fazer essa comparação, do lado do empréstimo, deve-se levar em conta não apenas a taxa de juros, mas sim seu custo efetivo total, que contabiliza impostos, taxas e outros custos. Já do lado do investimento, deve-se levar em consideração o rendimento lé quido, já descontado o imposto de renda. Desta forma a comparação fica justa.
Uma segunda linha de raciocé nio nos leva a avaliar se a oferta de parcelamento tem a taxa de juros anunciada (em algumas vezes, zero) na realidade ou se trata-se de uma ação de marketing que não se mantem de pé quando analisada de forma um pouco mais profunda. Em muitos casos, anuncia-se a taxa de juros como sendo zero (ou muito baixa), mas caso o pagamento seja feito é vista, oferece-se um desconto. Ora, se oferece-se desconto é vista, esse é o pre o real do produto ou serviço e o parcelamento sem juros ou com juros baixos sobre outra base nada mais é do que uma mentira para consumidores menos avisados. Existe ainda uma outra vertente, que é a da loja não oferecer nenhum desconto é vista, mas seus concorrentes oferecem o mesmo produto ou serviço a pre os menores. O resultado é o mesmo do exemplo anterior: Juros embutidos, mas disfaráados.
Por fi, existe um outro componente, talvez ainda mais importante que os dois já citados e que é mais difácil de ser notado. Quando parcelamos uma compra, com ou sem juros, nossa mente se fixa no valor da parcela e não no valor total pago ou na taxa de juros, que são componentes importantes e que precisam ser avaliados quando se faz uma operação de empréstimo. Assim, muitas vezes, nos fixamos em saber se a parcela já cabe no bolso já e nos esquecemos de outros fatores fundamentais. A já dor já em pagar é, assim, bem menor.
Além disso, nosso cérebro não é projetado para fazer esse já planejamento já do parcelamento de forma intuitiva. Assim, quando fazemos uma compra parcelada, nossa mente já grava já que temos como despesa a primeira parcela, mas para as demais, a chance de esquecimento é enorme. Desta maneira, nós fazemos o parcelamento e nossa já contabilidade mental já desconta esse valor do planejamentodesse mês, mas não dos demais. O grande risco aqui é fazermos novos parcelamentos nos próximos meses e, mentalmente, intuirmos que temos mais recursos do que temos na realidade, ou seja, gastarmos o mesmo dinheiro mais de uma vez.
A cultura brasileira de parcelamento tem como uma de suas origens a é poca da hiperinflação, quando obter um parcelamento sem juros (ou com juros baixos) era certeza de um excelente negé cio, uma vez que a inflação se encarregava de dar grandes já descontos já . Essa é poca, para o bem do país, acabou. Essa estraté gia também deveria ter acabado, mas sobreviveu, principalmente pela redução da já dor já no ato da compra, nossa ansiedade para comprar coisas para as quais ainda não temos recursos e departamentos de marketing que, conhecedores do funcionamento da mente humana, aplicam essa estraté gia para aumentar as vendas.
Se você fizer a ané lise sobre esses três prismas e, ainda si, encontrar um bom negé cio no parcelamento, pode funcionar para você. No entanto, para a maioria das pessoas, definitivamente, não será um bom negé cio.