Medos podem impedir empoderamento financeiro das pessoas; qual é o seu?
Recentemente, recebi uma mensagem por whatsapp de um cliente que tinha me procurado quase um ano atrás para ajudá-lo com suas finanças. Na época, ele se interessou pela consultoria em finanças pessoais, mas naquele momento parou na primeira etapa desse trabalho, que é a elaboração do diagnóstico da vida financeira.
Na mensagem enviada por esse cliente, sua preocupação ficou nítida: ele tinha parado para analisar seus números do último ano e se deu conta de que não só não havia mudado quase nada do que o incomodava, como também estava despreparado para aproveitar as oportunidades financeiras que tanto ouve. Pediu a minha orientação a respeito.
A primeira coisa que disse foi para ele se acalmar porque é difícil mesmo mudar o comportamento financeiro de uma vida com apenas algumas conversas. A segunda, foi que ele provavelmente estava com FOMO (“fear of missing out”), ou de maneira mais simples, medo de ficar de fora com relação às oportunidades que vislumbra.
Na minha atividade como consultora financeira, é curioso observar a forma como as pessoas lidam com o próprio dinheiro. Não importa se a formação é em exatas ou humanas, se a qualificação é alta ou baixa, todos desejam que seu dinheiro seja suficiente para pagar determinadas coisas e experiências, agora e no futuro.
Mas existem alguns comportamentos tão nocivos na relação com o dinheiro que podem colocar esse desejo por água abaixo, num piscar de olhos. O primeiro deles é aquele em que a pessoa sequer sabe que existem formas recomendadas de lidar com o dinheiro, vive um dia após o outro e torce para que tudo dê certo.
Nesse caso, a educação financeira é o primeiro passo para resolver os maus comportamentos. Vídeos no Youtube, livros, palestras e workshops ajudam bastante a reduzir a falta de conhecimento sobre o assunto.
Outra postura contraproducente é aquela em que a pessoa sabe que precisa mudar sua atitude em relação ao dinheiro, mas ela confia tanto em si mesma e na sua capacidade de fazer as coisas acontecerem que opta por cuidar deste assunto mais para frente.
Esse é um viés psicológico bastante conhecido dos brasileiros: o do otimismo, que inclui pensar que o nível de despesas continuará sempre o mesmo, que não há problema em assumir dívidas, e que nada de ruim irá acontecer. Isso também explica a baixa contratação de seguros de vida, parte dos problemas previdenciários e a desorganização financeira tão conhecida por grande parte da população.
Por fim, existe aquele comportamento em que a pessoa sabe que existem formas mais adequadas para gerir os próprios recursos e está ciente da oferta de profissionais especializados em ajudá-la a fazer esses ajustes. Mesmo assim, essa pessoa não toma nenhuma atitude.
Falta tempo, disposição, oportunidade e o que mais tiver de ser prioridade. Trata-se, visivelmente, de um comportamento sabotador que não é praticado por mal, mas que está além dos níveis de compreensão atuais. Para resolvê-lo, a forma mais eficiente é colocar um prazo definitivo para a ação e, caso não funcione, buscar pela psicoterapia para buscar compreender o que a impede de cuidar de si mesma.
Voltando ao meu cliente, na nossa conversa descobri que ele estava com medo de encarar as finanças porque teria de mudar alguns comportamentos. Expliquei que contar com ajuda profissional, nesse caso, torna tudo mais fácil e que o meu compromisso com ele é que esse processo seja menos complicado, dolorido e mais sustentável possível. Começamos o trabalho nesta semana.
Fonte: Space Money