30/07/14

A nova cara da aposentadoria

 Lazer (47%) e liberdade (43%). É assim que o brasileiro se vê quando o assunto é se aposentar ou diminuir o ritmo de trabalho. E se depender da forma como nos preparamos para chegar lá, estamos no caminho certo. A pesquisa "A nova cara da aposentadoria", da seguradora Aegon, parceira global da Mongeral Aegon no Brasil, ouviu 16 mil pessoas em 15 países (China, Índia, Brasil, Estados Unidos, Holanda, Canadá, Reino Unido, Suécia, Turquia, Alemanha, Hungria, Espanha, Japão, França e Polônia) no início do ano para identificar como é encarada a preparação para a aposentadoria e como governo e empregadores podem atuar nesse contexto. No Índice de Preparo para a Aposentadoria criado pela seguradora, que varia de 0 a 10, o brasileiro está com nota 6.8, atrás somente dos indianos, com nota 7.

 
A pesquisa também aponta que é necessário melhorar a qualidade do planejamento financeiro: 47% dizem ter planos para se aposentar, mas somente 22% têm alguma solução contratada. Enquanto isso, 27% não têm qualquer plano, enquanto no resto do mundo este percentual é de 40%. Há, ainda, 48% que dizem ter um ‘plano b’ para terem renda caso de não consigam continuar trabalhando até a idade planejada, o que evidencia que mais da metade das pessoas não considera o risco de invalidez como algo ao qual estão expostas e que pode afetar seriamente a preparação para a aposentadoria.
 
As perspectivas para a economia nos próximos 12 meses também são as mais positivas dentre os países pesquisados. Mais de dois terços dos entrevistados (69%) esperam que a economia melhore, muito além dos 28% relatados globalmente. Outros 82% esperam que a sua própria situação financeira melhore, comparado com 31% globais. Poré, esse clima positivo não é refletido em como os brasileiros veem as futuras gerações de aposentados. Somente um terço (32%) acredita que as gerações futuras estarão numa situação melhor do que os aposentados atualmente, com quase o mesmo número (29%) acreditando que terão uma situação pior.
 
Apesar dos altos índices apresentados, quando perguntados sobre o nível de confiança na manutenção de um conforto contínuo na aposentadoria, que podemos traduzir como a manutenção do padrão de vida conquistado, somente 14% dos pesquisados se dizem extremamente ou muito confiantes. Para Andrea Levy, assessor especial da Mongeral Aegon e um estudioso dos impactos da longevidade na previdência, que acompanhou todo o trabalho ao longo dos últimos meses, a perspectiva econômica se renova, mas preocupações com futuro e aposentadoria permanece, o que evidencia a necessidade de um maior compromisso com planejamento financeiro e de buscar soluções que facilitem a poupança para a aposentadoria e que sejam mais flexíveis do que as atualmente disponíveis no país. “Mais alternativas e atratividade ajudariam na transição entre o desejo e a consciência das pessoas em relação ao tema e ações efetivas de poupança individual e com início ainda na idade jovem”, afirma.
 
Facilitar a poupança e buscar alternativas para o envelhecimento em atividade
 
A falta de dinheiro é um empecilho para a poupança apontado por 67% dos entrevistados. Numa lista com oito opções que incentivariam a formação de uma reserva para a aposentadoria, aumento de salário é o primeiro da lista (46%), seguido por um ambiente econômico mais certo (39%) e incentivos fiscais mais generosos em produtos de aposentadoria e poupança de longo prazo (30%).
 
Outra constatação é a de que para a maioria das pessoas os empregadores deveriam exercer o papel de promotores de serviços relacionados à aposentadoria. Mais de um terço (36%) dizem que seus empregadores não fornecem nenhum tipo de serviço de aposentadoria, em uma lista com nove opções, com 9% sem nenhum conhecimento de tais serviços. 82% dos entrevistados consideram que a inscrição automática em soluções oferecidas pelas empresas nas quais trabalham (Ex. fundos de pensão) e uma contribuição de 6% dos seus salários seria uma solução atraente – a maior proporção dentre todos os países pesquisados. “O regime de previdência brasileiro divide a responsabilidade da renda da aposentadoria entre o governo, empregadores e indivíduos. Ainda são poucos os empregadores que oferecem fundos de pensão em grupo para seus funcionários, o que deixa fragilizado um dos pilares da renda neste momento da vida”, comenta Andrea.
 
Uma vez aposentados, 26% prefeririam receber um montante fixo que (provavelmente) não seria reinvestido e somente 14% receberiam um montante fixo e reinvestiriam tudo num produto com impostos diferidos. Quase a metade (47%) optaria por uma renda normal, um pagamento de anuidade (25%), ou uma parte em montante fixo e outra em pagamento regulares (22%). Para Andrea Levy, é urgente desenvolver soluções que permitam garantir rendas para esse novo perfil de aposentados. “Se nos anos 80 a esperança de vida ao nascer era de 62 anos, hoje, essa estimativa já chega a 74 anos, e tende a aumentar nas próximas décadas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Estamos falando de homens e mulheres que, ao pararem de gerar renda, acabam se deparando com a realidade de que os recursos das aposentadorias social – e eventualmente privada – nos moldes atuais não serão suficientes para manter o padrão de vida. São os ‘novos velhos’, que terão condições de viver mais tempo e com mais qualidade de vida”, explica.
 
Quando o assunto é se manter ativo, parar de trabalhar não está nos planos da maioria. Apenas 24% acreditam que irão parar de trabalhar completamente. Para 51% a expectativa é de alguma transição. “A longevidade é uma realidade presente e este resultado aponta para a necessidade de se criar meios para que as pessoas envelheçam em atividade, ou seja, prolonguem seus anos de trabalho. Só 25% dos entrevistados disseram que seus empregadores oferecem trabalho mais adequado a trabalhadores mais velhos”, finaliza Andrea.