Antes de embarcar, decida como vai pagar a viagem
Com o fim da temporada de férias e Carnaval, os brasileiros estão pegando carona na desvalorização do câmbio e colocando os gastos da próxima viagem ao exterior na planilha de custos. O importante é planejar, segundo educador financeiro Mauro Calil.
O especialista explica que, se o embarque for daqui a 10 meses, é interessante depositar mensalmente R$ 1 mil (ou o equivalente na moeda estrangeira) no cartão pré-pago. “Não adianta esperar o câmbio ficar mais favorável, porque não é um cassino.
A viagem não é uma aposta. Além disso, é difícil o câmbio variar 10%, fica entre 2% e 5%. Estamos falando de R$ 500 de diferença — ninguém vai ficar mais rico ou mais pobre por causa desse valor.” Para se ter ideia, em 2013, o câmbio desvalorizou 2,89%.
“O pré-pago é interessante porque é mais seguro do que dinheiro em espécie e não incinde Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), como no cartão de crédito”, explica Calil. Mesmo com essas vantagens, é interessante se precaver e levar dinheiro e o cartão de crédito, para emergências e gastos maiores.
“É recomendado levar de 10% a 20% do valor total em espécie (o que no caso dos R$ 10 mil representam US$ 1 mil) e o restante colocar no travel money”, indica. O dinheiro pode ser necessário para pagar pequenas compras, como um café ou baguete na Torre Eiffel, ou para pagar serviços, como táxi.
Paulo Volpi, vice-presidente do grupo Confidence, diz que, além da segurança e da praticidade, o cartão pré-pago permite que se tenha controle das despesas on-line ou por SMS e ainda autoriza recargas no exterior.
Hoje, o turismo responde por 80% do uso do plástico, enquanto 15% é usado por estudantes durante intercâmbio e o restante por executivos em viagens corporativas. “O maior avanço do pré-pago foi sobre o dinheiro em espécie. Se há cinco anos, o plástico representava 5% da nossa receita, hoje, é 50%”, afirma Volpi.
De acordo com o executivo, os brasileiros costumam viajar com as despesas de passagem e hotel pagas. “O dinheiro do cartão é para gastos locais e para saque”, acrescenta. A cada saque cobra-se US$ 2,50 e o grupo oferece sete moedas: dólar, euro, libra, peso, rand sul africano, dólar australiano e dólar canadense.
Calil indica que se compre as passagens no cartão de crédito internacional, já que esse meio de pagamento permite a contratação de seguro saúde e ainda garante milhagem. Outra dica é pagar a hospedagem antes mesmo de embarcar. Caso não seja possível, é interessante quitar as despesas com hotel pelo cartão de crédito.
“A conta que se tem que fazer é a seguinte: se tem dinheiro, aproveita e já paga”, afirma Calil. Até porque a Receita Federal permite que os turistas brasileiros levem apenas o equivalente a R$ 10 mil em espécie, traveler cheque ou travel money sem precisar declarar. Caso ultrapasse esse valor, o viajante tem de entrar no site da Receita antes do embarque e fazer a declaração que deve ser entregue no dia da viagem.
Sobre o traveler cheque, Edmar Bull, vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagem (ABAV-NAcional), conta que são pouco usados ultimamente. “Não são todos os países que aceita, então, perderam espaço para os cartões pré-pagos”, esclarece.
Viagens corporativas
Na hora de viajar pela empresa, a compra da passagem aérea e a reserva do hotel, em geral, não são responsabilidade do executivo. No entanto, isso não significa que não precisa de planejamento. Caso detecte que terá despesas com deslocamento ou ainda pequenos gastos, como com gorjeta, pode-se negociar a possibilidade de levar dinheiro em espécie ou conversar sobre as regras de reembolso.
No caso do almoço de negócios, o cartão corporativo é a primeira opção. O problema é na hora de prestar contas. “Criamos um aplicativo que permite fotografar o recibo do almoço com cliente e o sistema reconhece o estabelecimento e valor”, diz Alexandre Arruda, diretor geral da Argo It.
Quando o encontro de relacionamento é no exterior, nem todos os estabelecimentos foram cadastrados, por isso o processo ainda é manual. Mesmo assim, há vantagem de ser mais rápido e ser feito aos poucos. Empresas como Whirpool e Usiminas já utilizam o sistema. “O tempo do funcionário é importante e nem sempre é medido. Com isso, ele pode se dedicar a outras atividades”, afirma.
Roger Santos, diretor de relacionamento de clientes da Flytour, lembra que, em caso de extravio, o executivo deve primeiro ligar para a administradora do cartão e depois comunicar a empresa. “Se for em espécie, é recomendável fazer uma ocorrência do furto.”
Fonte: Finanças Pessoais Ig