09/06/14
Apontar o Dedo Não Paga D vida, Sé Aumenta o Preju zo
O que acontece então? No lugar de um diálogo adulto, um show de egoísmo e ressentimento, onde cada parte tenta empurrar para a outra a razão de tamanho estrago. Incapazes de agir como duas pessoas que escolheram aquela vida, escolhem o caminho mais fácil: jogar a culpa de tudo nos ombros um do outro.
Ele aponta o dedo daqui, joga a culpa nos hábitos de consumo nada regrados da esposa, metendo-se a entender de moda e alimentação para criticar as recentes compras realizadas por ela. Ela, também nervosa, devolve na mesma medida, xingando o carro (que ela jura que ele trata melhor que o próprio casamento) e a mania do marido de ficar no bar até tarde.
As horas passam voando, sempre com a agenda lotada de compromissos, mas carente de prioridades. Trata-se de uma família (casal e filhos) e não há dedicação quase nenhuma para o planejamento financeiro e para o orçamento doméstico. A história contada até aqui parece familiar? Trata-se de uma situação típica, infelizmente.
Algumas perguntas para reflexão:
- Como é possível ter uma conversa agradável sobre um assunto que só vem à tona quando já se tornou um problema gravíssimo?
- Como encontrar energia para resolver o grave problema se a pessoa que você escolheu para dividir sua vida só insiste que você é um fracasso e que a culpa é toda sua?
- Como lidar com um relacionamento familiar que cobra quando os resultados não aparece, mas que não possui prioridades e responsabilidades claras para todos?
- Como manter um diálogo sincero em torno da realidade financeira atual se cada membro da família não sabe diferenciar individualidade de individualismo?
- Como agir em um ambiente cheio de culpa?
- Ora, se a família é composta por duas pessoas que decidiram se unir e viver as consequências dessa união (morar junto, filhos, problemas conjugais etc.), é preciso que a realidade financeira passe a ser tratada com a devida prioridade e sem ataques insanos de culpa e dedo na cara.
A primeira coisa a ser resgatada é o respeito de um pelo outro, um dos principais fatores que os trouxe até aqui. O carinho e a capacidade de ouvir o que outro tem a dizer sem interrupções e a necessidade de ter a última palavra também são etapas importantes. Mas isso só virá com o tempo.
Situações como essa exigem antes:
Responsabilidade. Chega de apontar o dedo para o outro, agora é hora de conhecer aquele que pode fazer alguma coisa: você! Assumir sua responsabilidade na atual realidade financeira é tão importante quanto reconhecer que você também será um dos responsáveis por alterá-la. Assuma uma postura adulta, de quem tem o que fazer e quer agir, e lembre-se: crescimento não rima com endividamento.
Desprendimento. O futebol e a novela podem esperar; aquelas comprinhas fora de hora e a cervejinha com os amigos também. É hora de dar atenção para a família, sentar com ela, dedicar tempo e esforços na definição de prioridades e objetivos envolvendo todos os presentes.
Paciência. Não existe solução simples e rápida para um problema que vem sendo negligenciado há tanto tempo. Portanto, será preciso ter paciência, agir com calma, mas de forma perseverante e sempre baseada nos objetivos agora definidos. A cada pequena vitória, comemore com a família.
Humildade. Nenhum problema se resolve com gritaria e ego inflado, e você sabe disso. Então, é hora de “baixar a bola” e reconhecer os exageros realizados e suas consequências. Olhe com admiração para seu par e peça desculpas, reconhecendo que as brigas só serviram para piorar o quadro. Mas faça tudo isso de verdade, não imaginando-se em um teatro;
Atitude. Se existem dívidas, elas terão que ser pagas. Se existe um buraco no orçamento doméstico, ele terá que ser fechado. Se for preciso sentar com a família todos os dias até levantar e documentar todos os problemas e registrar os gastos/ganhos familiares, faça isso. Se for preciso abrir mão de algum consumo, de forma temporária, para pagar uma dívida cara, faça isso. Compromissos financeiros são pagos com dinheiro e ação, não com culpa.
Compromisso. Realizar reuniões periódicas para avaliar o andamento das coisas, definir regras e responsabilidades para cada integrante da família, informar a todos sobre o andamento das negociações das dívidas, tudo isso exige compromisso com o bem maior, o resgate da família. Não adianta fazer uma vez, resolver um problema, é preciso que as prioridades sejam traduzidas em compromissos.
Conclusão
Problemas, discussões, situações desagradáveis, decepções, toda e qualquer família passa por desafios durante sua evolução. O que não dá para entender é como certas pessoas simplesmente ignoram o carinho e o amor responsáveis por formar a bela família e passam a atacar como quem briga com um inimigo.
O dinheiro sempre será uma ferramenta, e por isso também configura-se um reflexo do ambiente familiar. O diálogo sincero, acompanhado de objetivos claros e muita atenção e compromisso podem reconstruir praticamente qualquer realidade financeira adversa. O processo pode ser duro, demorado, mas se suas bases forem sólidas, o resultado será exitoso.
Por fi, reforço que apontar o dedo não paga dívidas, só aumenta o prejuízo. Se você quer resolver um problema financeiro, primeiro reconheça-o e coloque-se como responsável. Então, com respeito e atenção, proponha soluções e envolva a família.