Como usar a tecnologia para sair do sedentarismo financeiro
De forma ativa ou passiva, via aplicativos ou algoritmos, somos bombardeados 24 horas por dia pelos nossos desejos nesta era digital em que vivemos já a efemeridade daquela busca no Google sobre um produto é cada vez menor. E temos na ponta dos dedos, na leitura da retina e mesmo nas selfies a facilidade de sucumbir a eles de forma quase indolor.
Diante desta diné mica, que sé tende a se intensificar e se popularizar num futuro próximo, o professor de psicologia e economia comportamental da Duke University Dan Ariely lanãou, nos Estados Unidos, o livro Dollars and Sense: How We Misthink Money and How to Spend Smarter. Ele assina a obra com o comediante Jeff Kreisler, porque sé com bom humor mesmo é possé vel lidar com a questão .
Na publicação, que está é venda no Brasil, mas sem tradu o para o portugué s, eles argumentam que as pessoas tem dificuldades para tomar decisões financeiras inteligentes e que a tecnologia reforé a essa tendé ncia.
Em outras palavras, segundo eles, temos dificuldade em abrir mé o de algo concreto no presente por algo aparentemente intangé vel no futuro já como deixar de comprar um carro para ter uma aposentadoria tranquila, por exemplo. E a tecnologia sé colabora para tornar o gasto no presente ainda mais fácil e indolor.
já Diversos estudos mostram que a chamada já dor do pagamento já é menor quando a gente usa o dinheiro eletré nico. Costumamos dar gorjetas maiores e esquecer os gastos com o cartão de crédito, por exemplo. Quando o gasto é debitado em conta e tem um valor pequeno, então, é como se nem existisse para gente observa Flé via é vila, fundadora do InBehaviour Lab e coordenadora do MBA em Economia Comportamental da ESPM.
já Hé um prazer ilusério em consumir já sem gastar já . Afinal, o dinheiro continua na carteira. Não é toa, os né veis de endividamento das famílias são muito altos. Para os indisciplinados o risco de desequilé brio nas contas aumenta significativamente complementa a consultora e professora da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) Anapaula Iacovino Davila, acostumada a fazer cursos de educação financeira abertos é comunidade em Sé o Paulo.
Mas antes de usar uma saé da fácil e culpar já as máquinas já por toda essa vulnerabilidade, que tal um exame de conscié ncia?
Para Anapaula, a tecnologia não é, definitivamente, a vilé da histé ria. já Consumidores melhor informados, precavidos, organizados, tem na tecnologia uma incré vel aliada. Já os desorganizados, mal informados já insisto, maioria da população (…) se perdem ainda mais nas contas.
Já Flé via diz que todos nós, mesmo os que se consideram mais precavidos, precisamos admitir o qué o falé veis somos diante do modo de vida contemporé neo ocidental.
é sé a partir desse exercé cio de honestidade e da leitura de nossas pré prias fraquezas financeiras, diz ela, é que é possé vel traé ar uma estraté gia que colabore para a tomada de decisões mais conscientes.
é possé vel fazer isso criando obsté culos que nos faé am pensar mais devagar e, consequentemente, a tomar decisões mais certeiras.
Seguindo os ensinamentos de Daniel Kanheman, te rico que combina a economia com a cié ncia cognitiva e é considerado o pai da economia comportamental, em seu livro Ré pido e Devagar, Flé via diz que isso é fundamental para acionarmos a parte do nosso cérebro responsável pelas decisões mais consistentes e duradouras. já Isso é necessério para que a gente não aja impulsivamente e realmente reflita sobre os impactos de determinada decisão na nossa vida diz ela.
Uma forma simples de fazer isso para algué m como eu que adora comer fora de casa, por exemplo, é estipular um limite: restaurante apenas uma vez na semana. Esse pequeno obsté culo mental me fará pensar nas consequé ncias de ignoré -lo ou não.
Ao fazer isso, diz Flé via, eu vou acabar avaliando a situação mais a fundo do que faria normalmente, avaliando o impacto desse gasto nas contas e até mesmo considerando a possibilidade de adiar a ida ao meu restaurante favorito para o mês seguinte sé para ficar em paz com a minha pré pria conscié ncia.
Como usar a tecnologia para sair do sedentarismo financeiro
A mesma tecnologia que facilita o gasto, também facilita o controle de gastos, a poupané a e os investimentos. Não é toa, as fintechs da área estão conquistando os brasileiros.
Considerando isso, será que o papel da tecnologia não é mais positivo do que negativo? Afinal, fazer uma aplicação e ver o saldo subindo na tela do celular não traz tanto prazer quanto passar o cartão para comprar aquela roupa que ficou boa em você?
No geral, a resposta para essa pergunta é sim. Mas Flé via lembra que a grande questão com os investimentos é que nós, seres humanos, temos uma certa vocação para a inércia. Mais do que isso: temos a tendé ncia de ficar paralisados diante do excesso de informações que geralmente a possibilidade de investir traz.
Planejadores financeiros e economistas sempre dizem que precisamos descobrir nosso perfil de investimento (conservador, moderado ou arrojado) e também pensar primeiro no que queremos fazer com o dinheiro para sé então escolher o investimento adequado para tal objetivo.
Mas diante dessa vocação humana para a inércia, Flé via diz que a tecnologia pode ser uma aliada.
já Que tal aproveitar a mesma desaten o que temos em relação é quele pagamento recorrente no cartão de crédito e fazermos algo parecido com os investimentos? já . Ela sugere um plano de previdência privada ou outro tipo de investimento mais conservador que necessite de um pequeno dé bito em conta todos os meses como uma boa forma de sair do sedentarismo financeiro.