A chegada do Dia das Crianças, quando meninos e meninas estão alvoroçados com suas listas de pedidos de presentes, é uma boa oportunidade para falar de dinheiro com os pequenos. A especialista Celina Macedo, autora do livro Filhos: seu melhor investimento, apresenta sugestões de como introduzir o tema na rotina das crianças de acordo com cada faixa etária. Veja abaixo algumas dessas dicas para falar do assunto com o seu filho. São orientações extraídas do livro de Celina e ilustradas pelo cartunista do DC Alexandre Beck.
Do zero aos dois anos
Aprendendo a esperar — Nos primeiros meses, é pelo choro que o filho se comunica com os pais. Nessa fase, esperar não é algo fácil, nem para os pais, nem para o filho. Ambos precisam aprender. A reação instintiva é correr, pegar o filho no colo, acalmá-lo e dar o que pensa que ele quer. Mas é possível atender ao filho sem pressa. Esperar agora para ter no futuro é a primeira lição financeira que os pais podem dar aos filhos. Crianças que não sabem esperar, quando adultos, não terão paciência para poupar e dificilmente terão controle de seus gastos.
Dos dois aos quatro anos
Criança mimada, adulto consumista — A criança começa a dizer o que pensa e criar seus próprios questionamentos. Nessa fase, os julgamentos são baseados na percepção, não na lógica. Para evitar que seu filho cresça pensando que todas as pessoas têm que satisfazer suas vontades, é muito importante não permitir que ele consiga tudo o que pedir e que aprenda a lidar com as frustrações. A superproteção não ajuda na educação dos filhos; pelo contrário, eles perdem a noção de responsabilidade. Só valoriza um "sim" quem já recebeu um "não". Filhos que conhecem seus limites, quando adultos, saberão lidar com seus desejos e objetivos com mais tranquilidade.
Tomando as primeiras decisões — As crianças expressam o que sentem imitando as relações do dia a dia. É a fase do faz de conta, com brincadeiras copiando o mundo dos adultos. É nesse período que a criança pode começar a entender o valor do dinheiro. Comece explicando o significado dos números das moedas e depois das cédulas. Nessa idade, as crianças podem começar a tomar decisões, como do que brincar e que roupas usar. Crianças que não sabem fazer escolhas terão dificuldade de estruturar um planejamento financeiro quando adultas.
Dos seis aos doze anos
Introduzindo a semanada — É quando a criança começa a ver o mundo com mais realismo. Seu filho já sabe utilizar dinheiro e tem vontade de fazer compras e de passear. É a hora de introduzir a semanada, que pode ser um bom instrumento para ensinar que dinheiro a gente recebe, guarda e gasta. Ele começará a pensar, por exemplo, que se for ao cinema terá que escolher entre comprar pipoca para consumir durante o filme ou comprar um lanche na saída. Assim, seu filho aprende a cuidar do dinheiro. Outra dica importante é orientar ele a anotar em uma caderneta quanto ganha por semana e quanto gasta. A conta nunca deve ficar negativa!
Dos 12 aos 18 anos
Aprendendo a planejar — Nessa fase, seu filho deve passar a receber a mesada. Dimensionar de quanto dinheiro precisa para um mês é um passo importante, é o início do planejamento financeiro. A decisão de quanto seu filho vai receber como mesada deve ser dos pais. Já a decisão de como e com o que gastar é responsabilidade do filho. Mas pais e filhos devem conversar juntos sobre quais serão as obrigações do adolescente com aquele dinheiro. É importante reconhecer, també, que os filhos só aprendem a restringir certas vontades por meio dos exemplos dos pais. Os filhos, portanto, precisam de parâmetros.