O ano terminou. Jano, o deus que olhava para dois lados – passado e futuro – está aqui, metamorfoseado no mês de janeiro, o abre-alas do ano.
Tudo vai recomeçar, igual e diferentemente, porque a vida é assim.
O que podemos fazer pela defesa do consumidor no novo ano? Be, temos de assumir compromissos, de propor transformações.
Ano-novo não é apenas a festa das roupas brancas, dos pulos sobre as ondas na praia, dos fogos de artifícios e das oferendas.
Sugiro 12 atitudes, uma para cada mês. Nada complicado, tudo realizável:
1. Não compre pensando se a prestação cabe no seu bolso, e sim na diferença entre o preço à vista e a prazo. O nome disso é juro, aquilo que faz um televisor de tela plana custar o dobro em 12 ‘suaves’ prestações. Faça as contas e veja o quanto de juros foi embutido na compra a prazo. É bem melhor juntar o dinheiro e pedir desconto à vista.
2. Camelô pode ser muito simpático, mas degrada a relação de consumo, pois não paga impostos, não registra eventuais empregados e vende produtos contrabandeados ou até roubados. Nem pensar.
3. No segundo semestre, se não houver os adiamentos tão comuns para vigência de leis que incomodem os poderosos de sempre, as notas fiscais informarão o peso dos impostos nos preços de produtos e serviços. Preste atenção nisso, reflita e aprenda a não votar em criadores ou ampliadores de impostos, taxas e contribuições.
4. Negocie reajustes de escolas particulares, aluguel, produtos comprados à vista.
5. Não falte às reuniões de condomínio. A preguiça custa caro.
6. Não aceite pagar ágio para nada, muito menos para automóveis, porque o carro brasileiro é dos mais caros do mundo.
7. Você não vai ficar doente se adiar compras de novos modelos de celulares e de computadores.
8. Se o restaurante for muito caro e tiver filas intermináveis, procure outro. Por que pagar caro e ser mal atendido?
9. Nunca compre roupas novas como guarda-roupa cheio. Doe o que não estiver usando.
10. Pesquise preços em sites especializados na Internet antes de comprar qualquer produto. Isso evitará preços excessivos.
11. Nunca, jamais, sob hipótese alguma use o crédito rotativo do cartão.
12. Se estiver triste, não vá ao shopping para se sentir melhor. O resultado costuma ser dívida contraída por produtos que não são necessários.
Se você seguir as dicas acima, tenho certeza, sua vida continuará confortável, mas seu bolso estará mais cheio.
Começará 2013 com mais chances de poupar um pouco, para os dias difíceis. Além disso, será menos consumista, algo que fará muito bem ao meio ambiente e ao planeta.
Vincular sua felicidade ao consumo é perigoso e não terá efeito positivo. Afinal, comprar não soluciona problemas nem melhora a vida. O ideal é avaliar o que nos incomoda e procurar saídas.
Se roupas novas, carro zero quilômetro e viagens ao exterior fossem antídotos ao sofrimento, poucos poderiam se sentir melhor.
Iniciar o ano com orçamentos ajustados e contas em dia é uma boa forma de dormir bem. A cabeça pesa no travesseiro quando devemos muito. Cartão de crédito não é passaporte para o paraíso – ao contrário, pode ser a chave do inferno.
Dinheiro na mão é vendaval, dizia uma bela canção de Paulinho da Viola. Sábias palavras! Qualquer descuido na hora das compras pode desequilibrar as finanças da família. E, o que é pior, sem a aquisição de bens de alto valor agregado, como uma casa própria ou a faculdade de um filho.
Na dúvida, deixe o gasto para amanhã. Nada contra o consumo, que move a economia e gera empregos. Tudo contra o gasto inconsequente, que nos faz ter ressaca no dia seguinte.
O novo ano pode ser mais produtivo se planejarmos o que adquiriremos. Assim, teremos dias mais tranquilos e felizes. Feliz 2013!