Educação financeira deve come ar ainda na infé ncia
Com apenas dez dias, Nicholas Penteado ganhou sua primeira caderneta de poupança, presente da avó. Hoje, aos nove meses, já tem à sua espera um cofrinho, do qual deverá cuidar por volta dos sete anos de idade, quando conseguirá entender a importância de poupar para alcançar um objetivo. "É plantando a semente cedo e dando o exemplo que ensinamos a criança a valorizar o dinheiro", diz a mãe, Maria Carolina Sampaio Penteado, 35, produtora de eventos.
Dar o exemplo é mesmo a forma mais eficaz de inserir a educação financeira na vida dos filhos, diz a planejadora financeira Marcia Dessen, colunista da Folha de S.Paulo. "Não adianta os pais dizerem uma coisa e fazerem outra". Com base nessa experiência, Ana Claudia Leoni, superintendente de educação da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), identificou conceitos e hábitos que podem ser assimilados pelas crianças em cada faixa etária.
Fases
Aos quatro anos de idade, por exemplo, a criança já analisa o comportamento familiar, diz a especialista. "É importante, nessa fase, não privilegiar programas que envolvam consumo, como idas ao shopping, porque a criança pode tomar essas atividades como referência de prazer. Reveze esses passeios com atividades culturais e idas a parques", recomenda.
Também é importante reforçar para a criança que há ocasiões especiais para ganhar presentes, como Natal, Dia da Criança e aniversário. E que há diferença entre desejar uma coisa e precisar dela. "Daí a necessidade de dizer não, mostrando ao filho por que ele não precisa de um brinquedo, por exemplo".
Dos cinco aos sete anos, é a fase de iniciar a chamada semanada – em vez da mesada. "A criança tem uma noção de tempo diferente da do adulto. Dar um valor semanalmente vai ajudá-la a ter uma dimensão melhor de como usar o dinheiro, aprender que ele acaba e que é preciso estabelecer prioridades para o uso ", afirma Leoni.
Nessa faixa etária, a criança pode contar também com a ajuda de cofrinhos. A partir dos oito anos, o filho já tem maturidade para definir metas mais audaciosas. "Já pode começar a poupar para comprar um jogo ou fazer uma viagem", diz Leoni.
Endividamento
O endividamento é um tema que também deve ser tratado nessa fase. A dona de casa Gabriela Rodrigues Sant´Anna, 35, explicou neste ano à filha Vitoria, 8, que cartão de crédito não é a mesma coisa que dinheiro.
Outra recomendação é mostrar ao filho a importância de pagar suas dívidas. Os pais podem emprestar dinheiro para que ele concretize um sonho, mas devem exigir pagamento, em parcelas conforme o recebimento da mesada ou semanada.