11/07/13

Educação financeira sustenté vel ajuda a ser mais feliz

 Segundo o Dicionário Aulete Digital, sustentabilidade é um "modelo de desenvolvimento que busca conciliar as necessidades econômicas, sociais e ambientais de modo a garantir seu atendimento por tempo indeterminado e a promover a inclusão social, o bem-estar econômico e a preservação dos recursos naturais". Está relacionada a desenvolvimento sustentável.

Afinal, o que isso significa? O tema sustentabilidade é tão complexo que fica difícil definir em poucas palavras, pois envolve aspectos econômicos, sociais e ambientais, ou seja, quase tudo que se relaciona ao nosso dia a dia.

Como desenvolver uma nação sem destruir a natureza, sem prejudicar o meio ambiente? Como ganhar dinheiro de forma permanente sem exaurir os recursos naturais ou destruir a natureza?

Empiricamente, percebe-se facilmente que o aspecto econômico está sempre envolvido quando se fala em sustentabilidade, meio ambiente, qualidade de vida etc., pois as empresas gastam recursos para procurar manter intacto o meio ambiente ou deixam de ganhar (ou ganha menos) se o custo de produto ou de serviço aumentar em função da sustentabilidade.

No nível pessoal, não é diferente. Você pode se matar de trabalhar, dar duro no dia a dia, se estressar e "morrer na praia", como diz o ditado.

Como todo mundo sabe, em termos financeiros, se você antecipar o consumo, vai pagar juro (penalidade) e, se postergar o consumo, vai receber juro (prêmio). E, se você consumir em tempo adequado, utilizando os recursos acumulados, estará fazendo a coisa certa, equilibrada.

Sem dúvida nenhuma, para termos uma vida tranquila no futuro, é necessário poupar e, para poupar, é necessário fazer sobrar dinheiro e investir para acumular patrimônio. Isso é possível em um país que tem alto nível de endividamento familiar e a decisão de consumo e financiamento é tomada com base na resposta à pergunta do tipo: "a prestação cabe ou não cabe no bolso?".

Durante décadas, o Brasil foi um dos países com as maiores taxas de juro real (taxa líquida de juro após descontada a inflação) do mundo, ocupando a liderança durante muito tempo. Era relativamente fácil acumular patrimônio para quem tinha dinheiro sobrando no final do mês.

As condições econômicas no Brasil mudaram substancialmente nos últimos anos. Com a taxa de juro real próxima de zero ou bem aquém dos tradicionais 6% ao ano de juros pagos pela caderneta de poupança, a situação muda bastante, sem contar que o período de inatividade (leia-se período de aposentadoria) aumentou significativamente, pois a expectativa de vida dos brasileiros está hoje em 74 anos (70 anos para homem e 77 para mulher), o que significa que muita gente vai viver até próximo dos 100 anos.

Para atender a novas condições econômicas e sociais, é necessário pensar em gestão financeira pessoal cada vez mais eficiente e mais eficaz, mas sem perder foco na qualidade de vida.

Aí, entra em cena o conceito de educação financeira sustentável, que surgiu há alguns anos, tendo como um dos grandes divulgadores desse conceito o especialista em sustentabilidade e meio ambiente Aron Belinky.

Resumindo: educação financeira consiste em ensinar como consumir de forma planejada, gastando menos do que a renda, para acumular patrimônio e proporcionar segurança financeira. O objetivo da educação financeira sustentável é proporcionar qualidade de vida no presente e no futuro, poupando de forma equilibrada para que a pessoa tenha a segurança financeira e possa usufruir no futuro o patrimônio acumulado, isto é, que possa ser feliz hoje e no futuro, com realização pessoal e profissional.

O acúmulo de riqueza não deve ser o objetivo e sim um meio para as pessoas poderem viver mais felizes. Algumas dicas podem ajudar no dia a dia:

– faça planejamento e controle financeiro e acumule patrimônio para proporcionar segurança material, mas "não se mate" de tanto trabalhar;

– períodos árduos de trabalho intercalados com períodos de descanso repõem energia para continuar produzindo com sustentabilidade;

– possuir reservas financeiras para casos imprevistos, como doença e desemprego, é saudável (reserva financeira para seis meses é recomendável);

– evite desperdícios e analise sempre se não está gastando desnecessariamente;

– segure o impulso de consumo; veja se não pode esperar mais um pouco;

– até os animais e as plantas "sabem poupar" para períodos de alimentos escassos; não seja menos inteligente do que eles.

Masakazu Hoji é professor universitário, palestrante e autor de livros de planejamento e controle financeiro.