09/05/13

Gastos sem planejamento e sem limites são equ vocos

São oportunas e realistas as inúmeras reportagens que mostram que a sociedade atual vem convivendo com o endividamento. O problema está cada vez mais grave e concreto, uma vez que o consumo vem sendo incentivado pelo governo federal com a política de queda das taxas de juros, o que resulta em uma população cada vez mais endividada. O perigo nasce no marketing, mais especificamente nas propagandas, que ditam as regras sociais e o modismo, impondo novas necessidades e desejos. Tal percepção se baseia na seguinte crença: os verbos “comprar” e “gastar” devem ser amplamente conjugados e praticados. Gastos sem planejamento e sem limites são equívocos que atingem cada vez mais cedo as pessoas, em especial as crianças (que são altamente sensíveis ao meio e condições em que vivem). Nessa fase, há descobertas, aprendizados e agregação de valores que são levados por toda vida. Assim, quando observam os pais e familiares se endividando e consumindo em demasia, terão como exemplo tal comportamento e farão o mesmo no futuro por meio do processo chamado de “espelhagem”, no qual idealizam a perfeição nos adultos que lhes estão próximos e passam a tomar como correto tudo o que eles fazem.

A educação financeira baseada em experiências tem muito a contribuir na formação de cidadãos e de consumidores conscientes. Por que não ensinar os filhos a atribuírem valores aos bens e ao dinheiro? Se assim fosse, o resultado mais provável seria termos adultos menos consumistas e mais críticos quanto à importância dos bens para aquisição e consumo. Crê-se que o momento mais oportuno da iniciação da educação financeira é na infância, a partir do período em que a criança começa a pedir e a desejar coisas. Quanto aos desejos, esses sim podem se tornar problemas. Não é tarefa fácil, mas cabe aos pais escolherem o melhor método de limitar e a controlar a satisfação dos desejos, como a utilização do “cofrinho”, da mesada ou da semanada. Recomenda-se a aplicação de métodos educativos e, por vezes, lúdicos.

Desde muito cedo, é possível a assimilação do significado de poder aquisitivo e de planejamento, citando como exemplo a semanada – a partir da idade escolar – aplicada na compra do lanche no colégio. De início, poderá proporcionar consequências previsíveis e não apreciáveis pela criança, que certamente comprará todos os doces que lhe encantarem em um curto período de tempo, o que comprometerá o restante da semana. Nesse momento, inicia-se a orientação, mostrando que o propósito daquele dinheiro era suprir toda a semana. É de suma importância que os pais mantenham firme sua palavra e sejam comprometidos com as datas do desembolso. Nesse processo, a criança precisa entender que não poderá ter tudo, nem da maneira, nem no momento em que deseja e que é preciso ter controle, o que despertará seu senso de planejamento. A educação financeira pode se dar até mesmo no momento de compra de presentes, brinquedos ou itens domésticos. A inclusão na participação da fase de pesquisa e avaliação de preços lhes dará a noção do que é caro ou barato e do quanto custa adquirir o bem desejado.

Edinéia Aparecida Souza Machado: acadêmica do curso de Ciências Contábeis da UFMS. Marçal Rogério Rizzo: economista e professor doutor da UFMS. Renata Gama e Guimaro Moura: administradora e professora mestre da UFMS