*Carlos Eduardo Costa

 

Muito se tem falado sobre as diferenças entre os hábitos financeiros de homens e mulheres. Mas grande parte do que se diz baseia-se mais em questões culturais do que em observações concretas. Para se levantar as diferenças entre o perfil de homens e mulheres na sua vida financeira é importante o aprofundamento da análise concreta do comportamento financeiro de cada um destes grupos.

 

Segundo aponta estudo encomendado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) realizada em março de 2013, as mulheres tendem mesmo a fazer mais compras por impulso do que os homens. A pesquisa ouviu 646 brasileiros em todas as capitais do país. A pesquisa mostra que 47% das entrevistadas já realizaram compras não planejadas em momentos de tristeza, angústia ou ansiedade. Entre os homens, esse percentual cai para 37%.

 

Para as mulheres, a baixa autoestima e a insatisfação com a aparência são os principais motivos para as compras por impulso. A TPM é usada por 32% das mulheres para justificar compras não planejadas. Já o público masculino (45%) costuma abrir o bolso por conta da ansiedade com algum evento que se aproxima, como férias, viagens ou festas. O segundo lugar nas justificativas para os homens é ocupado  por problemas no trabalho (38%).

 

A Federação do Comércio do Rio de Janeiro, em 2007, realizou uma pesquisa que mostra detalhes interessantes. Segundo a pesquisa, os homens escolhem o local de suas compras visando a qualidade dos produtos e ao atendimento. Por outro lado, as mulheres são mais econômicas e preocupadas com o bolso, buscando sempre facilidades de pagamento e descontos. Outro fator que chama a atenção é que a preocupação masculina com segurança no local das compras é bem maior do que a feminina. Os homens tendem a ter um perfil mais impaciente na hora das compras, e por isso, normalmente não costumam fazer pesquisa de preço e são mais fiéis a uma marca, segundo a pesquisa. Já as mulheres costumam ser atraídas por novidades ou pequenos detalhes e têm mais disposição para pesquisar e, por isso, procuram maiores facilidades de pagamento e descontos.

 

Já uma pesquisa de Orçamento Familiar feita pelo IBGE revela que as famílias chefiadas por homens gastam mais, em diversos grupos de despesas mensais, do que as famílias que têm mulheres como líderes. Esses gastos podem ser explicados pelo fato de que o rendimento das famílias lideradas pelo sexo masculino é 21% maior do que o das chefiadas por mulheres. Quando avaliados os tipos de gastos, as famílias lideradas por homens gastam mais em alimentação, vestuário, combustível para o próprio carro, aquisição de veículo, assistência à saúde, educação, entre outros. As famílias chefiadas por mulheres, por sua vez, apresentam maiores despesas em aluguel, transporte urbano, serviços pessoais e higiene e cuidados pessoais.

 

Em relação à organização das finanças, a pesquisa CNDL/SPC aponta que os homens se mostram mais cuidadosos: 72% deles fazem planejamento financeiro familiar ou pessoal contra apenas 65% das mulheres. Entretanto, a diferença entre os gêneros em ter sucesso na hora poupar é bem pequena. De acordo com a pesquisa, 43% do público feminino e 41% do masculino chegam ao final do mês sem dinheiro para guardar. A maneira como homens e mulheres controlam seus gastos também é diferente. O público masculino prefere as planilhas eletrônicas, enquanto as mulheres ainda são fiéis ao clássico papel. A maioria, independentemente do sexo, no entanto, costuma acompanhar seus gastos por meio do extrato bancário.

 

Em maio deste ano, a pesquisa publicada pela revista Exame mostra que mulheres e homens planejam de forma diferente a aposentadoria. Elas são mais preocupadas com o futuro e começam a poupar mais cedo. Eles iniciam mais tarde, mas reservam mais dinheiro para se garantir quando pendurar as chuteiras. A principal aspiração feminina é viajar. O desejo preponderante masculino é ficar mais tempo com a família. Há pontos coincidentes entre os gêneros. São eles: visão imediatista da vida em prejuízo da poupança, informalidade para lidar com o dinheiro, medo do futuro, e forte dependência da previdência oficial. A pesquisa ouviu 1.085 brasileiros e conclui que mulheres e homens são pouco organizados financeiramente para manter o mesmo padrão de vida após a aposentadoria. Quando o planejamento acontece é pouco estruturado. Basta um desequilíbrio no orçamento para a poupança ser desviada do objetivo principal. O desemprego é o primeiro obstáculo da lista. A compra de um imóvel e as dívidas são outros bons motivos para as pessoas usarem a reserva financeira.  A pesquisa aponta que as mulheres começam mais cedo – por volta dos 28 anos – a planejar a aposentadoria. Já os homens esperam chegar os 30 anos para começar a guardar dinheiro com essa finalidade.

 

Apesar de todas estas diferenças levantadas, existem muitas pessoas que acabam fugindo do perfil do seu sexo. Assistimos assim homens que tem um comportamento financeiro típico de mulheres e também mulheres que tem apresentado hábitos financeiros tipicamente masculinos. É a igualdade entre os sexos chegando às finanças pessoais.

 

O importante é usar essas informações para refletir sobre o seu comportamento quando o assunto são as finanças, buscando assim, melhorar a administração do seu orçamento.?