11/12/13
Presentes que cabem na carteira
Usados como estratégia para ensinar à criança a importância do dinheiro, recursos podem ser usados a partir dos 10 anos de idade.
A estudante Beatriz Luciani, 15, recebe dinheiro de presente de Natal desde os 8 anos de idade. Ela costuma usar a quantia dada pela mãe, avó e tios para comprar seus próprios aparelhos eletrônicos. Com as cédulas dadas pelos parentes, ela já adquiriu uma televisão e um computador para seu quarto. Mas será que é recomendado dar dinheiro em vez de brinquedos?
Depende, dizem os psicólogos ouvidos pela Gazeta do Povo. O primeiro quesito a considerar é a idade. A criança só começa a entender a importância do dinheiro após os sete anos, período em que ela passa a criar e a estabelecer o conceito de lógica e de consumo. O ideal mesmo, garante eles, é presentear com a “bufunfa” após os 10 anos.
Antes dessa idade, os pequenos não vão enxergar o dinheiro como um adulto. “Eles irão olhar para as notas e dizer ‘tá, mas o que eu faço com isso??’”, conta a psicóloga Fabiane Nunes dos Anjos. A criança, complementa, é muito simbólica e quer aquilo que a atraia, como uma boneca, um carrinho ou um roller, e não dinheiro.
A psicóloga Marina Novak também acredita que não há problema em dar o dinheiro, mas ela argumenta que além da idade, é preciso existir um aconselhamento por parte dos pais. “É sempre bom dizer para a criança como ela deve comprar os objetos e qual é a importância do dinheiro”, afirma.
Orientação
Esse aconselhamento fica mais fácil se a família já tem uma educação financeira. A avó de Beatriz, Irene Moroz Luciani, por exemplo, costuma orientar os netos quando dá a mesada. “Eu peço que tenham parcimônia e que saibam usar a mesada e, se der para poupar, que poupem”, relata. Quando ganham dinheiro de presente no Natal, portanto, os netos já conseguem compreender a importância do dinheiro.
Para Gustavo de Carvalho Chaves, diretor-executivo da G9 Investimentos e planejador financeiro, é justamente no pagamento de mesada que a criança passa a desenvolver uma relação mais saudável com o dinheiro. “Normalmente o processo de mesada é vantajoso, mas ele precisa ser parte de um todo”, relata.
Como? Ele diz que é preciso explicar, como faz Irene, o valor do das cédulas, a importância de poupar e mostrar que não é fácil consegui-las. Se a criança quer um videogame, por exemplo, é ideal dar parte da quantia, e não o montante todo. “Dessa forma o pequeno não vai associar o dinheiro a uma facilidade qualquer”, conta.
O desenvolvimento da educação financeira deve começar desde cedo. Para Chaves, é importante que a criança faça parte das negociações da família e saiba quanto da renda vai ser usada para pagar luz, água, telefone, escola e outros serviços.
O que não pode ocorrer, segundo Chaves, é o uso do dinheiro como recompensa. “Dar dinheiro se a criança for bem na escola é algo ruim e pode gerar uma revolta financeira nela quando ela ficar mais adulta”, relata.